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Guerra do Paraguai e Nascimento dos Clubes.
Guerra do Paraguai e Nascimento dos Clubes.

 

 

 

Guerra do Paraguai e festa em Barra do Rio Grande

Marcelo Santos Rodrigues1 “Baianos! – Novas e gloriosos sacrifícios são reclamados para sustentação de honra, soberania e integridade do Império Brasileiro. Ainda nenhum povo livre deixou de acudir ao reclamo da pátria, quando os seus brios de nação, os seus mais caros e santos direitos são desconhecidos e ultrajados. Baianos, vós fostes os primeiros que voluntariamente vos apresentastes para vingar no campo da batalha a afronta descomunal, irrogada à nossa pátria pelo selvagem governo do Paraguai”.

1 Com estas palavras, o presidente da província da Bahia em 28 de julho de 1865, Manoel Pinto de Souza Dantas, fazia apelo ao povo baiano, para que mais uma vez pegassem em armas na defesa da pátria agredida, como ocorrera na Independência em 1822. Em janeiro de 1865 por Decreto Imperial, D. Pedro II já havia criado os corpos de Voluntários da Pátria que, somando ao débil exército brasileiro e a Guarda Nacional, formariam as forças encarregadas de vingar a desafronta provocada pela república paraguaia, assim, preparando os cidadãos para a guerra. De todas as partes da província, atendendo ao reclamo do Império, apresentavam-se homens dispostos a seguir para a guerra do Sul. O número de soldados é marcado para cada Vila e Freguesia pelo presidente da província e, a Bahia durante a guerra, enviaria aproximadamente 18.330 soldados. Assim, todos os anos, a partir da Guerra do Paraguai, na noite de São João os moradores da Barra do Rio Grande, saem as ruas para representar três grandes batalhas travadas naquele conflito: Curuzu, Humaitá e Riachuelo. Dessa forma, se a Bahia tem como data cívica o 2 de julho, Barra tem no dia 23 de junho seu marco de resistência histórica, que sobreviveria a queda do Império e a implantação da República. 2 1 UFBA. 1 APEBA. Relatório apresentado à Assembléia Legislativa Provincial da Bahia pelo Presidente da Província em 1o de março de 1866.

2 A festa em Barra do Rio Grande possui características de manifestação cívica, sem oficialmente ser considerada. Sua sobrevivência também deve estar associado pela escolha de um dia festivo de nosso calendário. Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC Salvador - 2000 ISBN 85-903587-2-0 2 Localizada na zona fisiográfica do Baixo Médio S. Francisco entre este e o Rio Grande, encontra-se a Vila da Barra, centro de movimento comercial e social, dada a sua posição geográfica na província, constituindo-se em passagem de quem viajasse pelo rio São Francisco no seu curso médio, e, ademais ponto de trânsito das bacias de Goiais, Piauí e Maranhão. O município de Barra nascido entre 1670 e 1680 pelo 2o Francisco Dias de Ávila Pereira, já havia concorrido com gente de armas para combater as insurreições de Pernambuco e a Balaiada no Maranhão. Quando o Império fez ecoar pelo São Francisco a voz de aflição e comoção nacional para a guerra do Paraguai, mais uma vez Barra responderia ao seu chamamento. Uma cidade distante tantas léguas da sua capital mais de importância fundamental para toda a região ao longo do século XIX. Encarregado pelo presidente da província para recrutar homens naquela região, afirma o Dr. Mariano Bomfim: “encontrei o mais profícuo apoio no distinto Juiz de Direito o Dr. Francisco Mariani, assim como nos dignos comandantes Superior e Comandante da Guarda Nacional, de modo que espero que desse município marchem 100 homens dispostos todos em pegar em armas em defesa da pátria”.

3 A partir do recrutamento iniciado em 1865, partiu sob o comando do Tenente Cristovão Lopes Portella da Vila da Barra 29 voluntários da pátria, e somado ao contigente da Guarda Nacional daquele município, formaria um efetivo de 80 homens, já na primeira remessa para a Capital. O atendimento ao apelo imperial foi imediato e, sairia de Barra pessoas ilustres como Francisco Bonifácio de Abreu, mais tarde chefe dos Serviços de Saúde na Guerra, e futuro Barão da Barra e Augusto César Torres, médico formado pela faculdade de medicina da Bahia, e que serviria na guerra na condição de Major-médico, ambos voluntários. Porém, essa efervescência de voluntários, recrudesceria com o passar dos anos. Em substituição, agora partiriam muitos homens recrutados a força, vitimas de disputas partidárias, brigas de famílias, comum em todas as partes da província. Barra oferecia assim, o seu contigente e, até mesmo mulheres como Ana Gertrudes da Silva, natural da Barra, mas moradora na Praia Grande, Freguesia de Pirajá que: “sentindo-se com forças física necessária para qualquer trabalho e desejando concorrer pelo modo possível para o serviço da guerra, oferecia-se afim de ser empregada nos serviços dos hospitais no Sul”.4 3 Arquivo Público do Estado da Bahia. Seção Colonial e Provincial. Guerra do Paraguai, maço 3669.

4 Arquivo Público do Estado da Bahia. Seção Colonial e Provincial. Guerra do Paraguai, maço 3669. Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC Salvador - 2000 ISBN 85-903587-2-0 3 No decorrer das batalhas travadas no Prata, chegavam na capital do Império e nas província, notícias informando as perdas e vitórias das tropas brasileiras. Então, finalmente estas alcançavam as mais distantes partes da província. Em correio extraordinário, de 4 de fevereiro de 1869 chegava notícias na Vila da Barra, anunciando grandes vitórias do exército, esquadras, obtidas contra as forças do ditador do Paraguai. De imediato todas as providências eram tomadas pelas autoridades para que estas se tornassem públicas. “A noite, o edifício da câmara fora iluminado e ao convite do presidente era grande o número de cidadãos de todas as classes. Uma banda de música entoava o hino nacional e findo este, davam-se gritos de vivas a S. M. o Imperador, sua família, ao Exército, a esquadra, ao Marquês de Caxias. Depois, percorriam as ruas a música acompanhada pelas autoridades. As casas estavam quase todas iluminadas e permaneciam durante vários dias homenageando aos barrenses pelo seu desempenho na guerra do Sul. Em todas as noites subia ao céu grande quantidade de foguetes”.

5 Era sem dúvida o inicio de uma festa que atravessaria o século chegando aos nosso dias. A imposição de uma vitória final era apenas uma questão de tempo e, dentro em breve começaria a chegada dos bravos baianos que combatiam ao Sul. Muitos, depois de cinco longos anos. No jornal da Bahia de 4 de março de 1870, o capitão Francisco Fausto da Silva Castro, encarregado dos festejos populares que tinha de se efetuar na ocasião do regresso dos corpos de Voluntários em Salvador, convidada todas as pessoas que morassem pelas ruas por onde tem de passar os mesmos para que embandeirassem suas casas, deitassem colchas nas janelas e a noite iluminassem suas casas, para que, com todo o jubilo e com toda pompa, fossem acolhidos os heróicos comprovicianos. Estas mesmas recomendações chegavam a todos os municípios, Vilas e Freguesias que concorreram para a formação dos contigentes que partiram da Bahia. Finalmente às 7 horas da manhã ocorria o desembarque das tropas chegando as águas de nosso Bahia o transporte de guerra Galpo trazendo a seu bordo os heróicos soldados baianos. A Fortaleza da Gamboa saudava a passagem com tiros de canhões, levando a cada canto da cidade as notícias que despertava o entusiasmo. Afirmava o Jornal da Bahia de 13 de março de 1870: “De todos os pontos via-se o povo correr pressuroso e ébrio de alegria aos mais altos lugares e as praças de onde se avistavam o mar.” Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC Salvador - 2000 ISBN 85-903587-2-0 4 As 10 horas começou o desembarque da tropa e transportados para o arsenal da marinha, encontravam-se ali as autoridades da Capital, a Assembléia Provincial e a Câmara Municipal. Depois de percorrerem as ruas marcadas do itinerário, chegaram ao Palácio, onde discursos e leituras de poesias animavam ainda mais o espírito da população. Eram, então, lembradas as batalhas e o heroísmo dos soldados que de regresso deveriam ser homenageados. A noite iluminaram-se todos os estabelecimentos públicos e muitas casas particulares. Nas janelas repleta de pessoas, atiravam-se flores sobre a tropa e as saudavam por todos os modos. Continuava o mesmo jornal em 30 de março de 1870, anunciava as festas organizadas na cidade de Cachoeira, que: “desde que chegou a grata notícia, na última terça-feira, não cessaram até a noite de domingo as demonstrações de jubilo público. As ruas da cidade se enfeitavam de arcos e bandeiras, o povo percorria as ruas dia e noite acompanhando as musicas marciais e, por uma quantidade de foguetes que atroavam os ares por todos esses dias”.

6 Muito provavelmente essas mesmas festas ocorriam em diversos lugares dessa província, e, não seria diferente em Barra do Rio Grande. Depois da guerra, e apesar da vitória das tropas brasileiras na campanha, a situação do país era delicada. O Império começava a viver um período de agonia, que resultaria 19 anos depois na proclamação da república. Era, então, necessário controlar aquela febre que contagiava as províncias. Estas, contribuindo com materiais e homens, agora projetava uma nova imagem do Exército brasileiro conforme Oliveira Vianna. “A volta dos voluntários, em especial, era vista como potencialmente perigosa, à paz e segurança pública. O governo do Rio de Janeiro, logo nos primeiros anos depois do conflito, proibia nas cidades o agrupamento de ex-combatentes, fragmentando às unidades e proibindo até mesmo as músicas”.

7 Era a política de desmobilização das tropas que representavam um perigo eminente a velha instituição. Com a proclamação da República não seria diferente as atitudes adotadas para conter ao reclamo de soldados que, agora, pediam as terras que seriam entregues como recompensa e outras promessas feitas pelo Império. A desconfiança com que era visto as 5 APEBa. Seção Colonial e Provincia. Guerra do Paraguai, maço 3669. 6 Biblioteca Juracy Magalhães. Jornal da Bahia edição de 30 de março de 1870. Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC Salvador - 2000 ISBN 85-903587-2-0 5 posições autoritárias do primeiro governo republicano, fez em pouco tempo recolher aos quartéis os militares, enquanto novas forças sociais buscavam assumir o poder político no país. Esquecendo assim, os agentes que reivindicavam os seus direitos depois da guerra. Eleita como símbolo do heroísmo e bravura, a Batalha do Riachuelo, sobreviveria ao total esquecimento e, a Marinha do Brasil passava a ter mais prestígio que o Exército. Em 21 de fevereiro de 1916, o intendente da cidade de São Félix, Antônio Ferreira, dirigindo-se ao presidente do Brasil, Venceslau Brás, pedia a supressão das festas com que costumavam celebrar os aniversários das batalhas de 24 de maio e 11 de junho. E continuava: “o que de nenhum modo significará o desconhecimento do alto valor dos serviços patrióticos prestados pelos heróis de Tuiuti e Riachuelo” e, encerrava pedindo ao “governo da república um dia para que anualmente se prestassem em todos os recantos do país, públicos pleitos de amor e gratidão aos que, na paz e na guerra, louvaram o nome brasileiro”.

8 Nos jornais que circulavam nas décadas de 20 e 30 do nosso século, são outras as conclusões. Na edição do dia 18 de dezembro de 1924, o jornal A Tarde noticiava: “Enquanto uns em virtude das leis especiais, conseguiram a recompensa dos serviços prestados por ocasião da guerra com o Paraguai, outros, que não são poucos, brasileiros, também, quiça heróis ignorados, vivem aí esquecidos, vencendo soldos tão ridículos que nem lhes dão para o sustento”.

9 Em Barra, a festa pouco a pouco transformava-se na sua maior comemoração cívica. Depois da guerra e até mesmo no período republicano seriam fundados os clubes Forte do Curuzu, Humaitá, Riachuelo e o Avai, este último desaparecendo na década de 1960. No jornal Correio da Barra de 16 de junho de 1923, o presidente da “Vanguarda Humaitá”, o Sr. Raul Mariani, comunicava que ia hastear o pavilhão deste Forte e enfeitar as ruas que lhe ficam próximas, conservando-se embandeiradas o local dos referidos fortes e ruas até o 2 de julho, em comemoração ao centenário da Independência da Bahia. Outros motivos parecem ser mais preponderantes para a interrupção da festa, do que as de ordens ideológicas. Ainda no Jornal Correio da Barra, lê-se no dia 2 de julho de 1923: 7 Oliveira Viana. O Império Brasileiro (1822-1889) p. p. 125-126. 8 Requerimento ao Presidente da república do Brasil (Venceslau Brás) pedindo a abolição dos festejos comemorativos pela vitória brasileira na batalha de Tuiuti e Riachuelo, São Félix - Ba, 12/01/1916. 9 Jornal A Tarde edição de 18 de dezembro de 1924. Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC Salvador - 2000 ISBN 85-903587-2-0 6 “A diretoria do forte Humaitá, de acordo com os demais sócios e adeptos, devido a crise atual, (refere-se a seca) resolvem não levar a efeito, este ano, os tradicionais festejos do São João como nos anos anteriores, reservando-se para os realizar em 1924”.10 Por que então, em Barra sobreviveria essa tradição tão combatida desde o Império e controlada pela república? As respostas ainda requerem uma maior e mais profunda investigação, mais como hipóteses, não devemos deixar de analisar algumas possíveis razões. Primeiro, a oposição conquista no ano de 1867 o poder político em Barra, que contrariando as ordens e desejos do Império, parece manter intacto os festejos naquele município. Segundo, com a república, chegam também as estradas de ferro e rodagem em substituição ao transporte dos vapores, que sangravam o Rio São Francisco, tendo como passagem obrigatória a cidade de Barra, que fazia dinamizar a economia na região. O isolamento, condenaria Barra a diminuição efetiva do poder político e econômico que até então, concentrava-se em suas mãos. Isolamento incapaz de produzir ameaça ao poder central constituído. Porém, cuidadosamente devemos percorrer os caminhos da festa e suas representações para compreendermos a sua sobrevivência. Não são muitas as informações sobre as primeiras comemorações do São João em Barra, porém permanece na tradição oral elementos elucidativos. Joana Camandaroba, barense contou-me a seguinte história: “Um médico chamado Dr. Augusto Torres, retornando da Guerra, em um dia de São João, assistindo a queima da fogueira da família Araújo, antes que esta se desmanchasse por completo, presenciou um grupo de rapazes queimar buscapés, provocando explosões sucessivas e grande quantidade de fumaça. Então, diante daquele cenário, o médico indagou, que tanta fumaça e tanta explosão só havia visto na Batalha do Curuzu na Guerra do Paraguai”.11 No ano seguinte seria fundado o primeiro forte o do Curuzu, iniciando assim a grande festa, muito provavelmente 25 anos depois do final da guerra, pois o primeiro forte, hoje completa 105 anos. Somente com a fundação dos clubes, o primeiro datado de 1892, a festa ganharia contornos que perduram e se mesclam ao logo do tempo com novos elementos. Dois anos 10 Jornal Correio da Barra edição de 2 de julho de 1923. Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC Salvador - 2000 ISBN 85-903587-2-0 7 depois surge o segundo forte, o Humaitá, e em 1905 o Riachuelo, iniciando assim, uma rivalidade que muitas vezes produziria conflitos entre os associados dos distintos clubes. Interessa-nos aqui, destacar por que nas representações da guerra, tropas que lutavam contra um inimigo comum, o Paraguai, hoje apresentam-se como inimigos e, durante a noite de 23 de junho, disputam quem possui mais poder de fogo. De fato elementos históricos confundem-se nesse teatro, e lembrado que as batalhas do Curuzu efetuada pelo exército e o Riachuelo pela marinha, inauguraria também uma acentuada distinção para com estas duas forças armadas. Eis uma das possíveis razões. Mas também marca diferenças sociais. Nascida na cidade baixa o Curuzu era composto por pescadores e pequenos lavradores pobres, enquanto o Forte do Riachuelo, fundado por famílias tradicionais seria composta por moradores do centro da cidade. Contou-me Evilazio que na década de 30 o tecido para confeccionar as roupas dos “soldados” deste último, fora importado de Paris. Rivalidade que se estenderia também ao forte de Humaitá, depois da sua fundação. Um século depois as praças de Barra transformam-se em palco de guerra. Entre os dias 20 e 30 de junho, o clima de conflito se aproxima, assim como, nas memórias de sua população, reacendem lembranças das batalhas mais importantes travados no Sul do Império. A Guerra do Paraguai será dentro em breve representada por sua população nas ruas, em um ato que não ocorre em nenhum outro lugar e com tanta eloquência. Mastros são levantados e identificados como vanguardas e retaguardas, e iluminados transformam-se em uma espécie de símbolo sagrado para cada forte que se prepara para a noite de São João. Fortes, navios e canhões anunciam dias de conflitos e glórias. As cores características dos clubes dividem a cidade em batalhões e, toda a sua população rigorosamente trajam-se nas cores de seus fortes. Curuzu, vermelho e preto, Humaitá, verde e amarelo, Riachuelo vermelho e branco.12 Na ordem do desfile posiciona-se na frente a linha de fogo, soldados fardados e protegidos contra queimaduras levam latões de buscapés, única arma permitida 11 Entrevista concedida por Joana Camandaroba, escritora e professora em Barra do Rio Grande, em 23 de junho de 2000. 12 Uma pesquisa mais detalhada permitirá fazer a correspondência entre as cores hoje utilizadas e aquelas que vestiam os batalhões na guerra. Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC Salvador - 2000 ISBN 85-903587-2-0 8 para o combate. E, simulando uma festa cívica, segue a cavalaria; a banda de música, cujo corneteiro mor anuncia a aproximação da batalha, moças fardadas representando as heroínas vanguardas, pelotões variados, escoteiros infanto-juvenil, carros alegóricos identificados com as comemorações do ano em curso. Segue então uma série de incorporações à festa. Uma miss simboliza cada clube, e cada rio, uma índia representando os povos indígenas que viviam na região, um negro simbolizando o “rei da abolição”, canos, carrancas, caracterizando o Rio Grande e o São Francisco, pessoas trajando roupas típicas do período junino, sanfoneiro, e ao olhar mais atendo do historiador, um pequeno grupo de meninos trajados com a roupa do flamengo. O encerramento do desfile, obedecendo a ordem de passagem pelas ruas, Curuzu, Riachuelo e Humaitá acontece, quase sempre com a execução dos hinos dos respectivos clubes e o da cidade. Cinco horas seguidas de explosões, tensão e medo fazem-nos finalmente acreditar que vivemos uma guerra. Certamente muito diferente daquela encenada pelos homens que partiram de Barra do Rio Grande em 1865 para defender a pátria, mas, sem dúvida, tão assustadora como as longas batalhas encenadas no rio Paraná, Paraguai e representadas, hoje, aqui onde o Rio Grande encontra-se com o Rio São Francisco. Uma pesquisa mais detalhada permitirá fazer a correspondência entre as cores hoje utilizadas e aquelas que vestiam os batalhões na guerra.

Tirada do http://anphlac.fflch.usp.br/sites/anphlac.fflch.usp.br/files/marcelo_rodrigues_0.pdf